20 dezembro 2011

i will try to fix you

"Meu nome é Charlie, na verdade esse é meu pseudo nome. Tenho 17 anos e atualmente moro no Rio de Janeiro. Aos 9 anos de idade tive a primeira grande perda da minha vida, perdi minha mãe num acidente de carro e desde então minha vida começou a perder o rumo e o sentido. Viver sem ela doía e dói bastante até hoje, é como se eu vivesse sem parte de mim, como se me faltasse algo sempre por mais que tudo parecesse completo. Passei e passo noites inteiras em claro chorando por ela, lembrando dela e querendo estar com ela, ainda dói…


Aos 12 anos, 3 anos após a morte da minha mãe, eu descobri que tinha um problema cardíaco e desde então comecei a cuidar disso. Meu pai fez de tudo por mim, tudo o que podia e não podia, sempre. Ele foi minha mãe e meu pai pra mim, cuidou de mim quando tive crises, chorou comigo quando fui internado e me deu toda força que eu precisava e que nunca recebi de nenhuma outra pessoa a não ser dele.

Tudo parecia aparentemente bem e sob controle, eu iria começar um tratamento mais intenso no inicio de agosto deste ano, estava amando alguém e me sentia feliz, até que do nada tudo desabou, meus planos sumiram, meus sonhos foram perdidos e as lagrimas tomavam o lugar dos sorrisos, assim como o medo tomava o lugar da esperança. Desde então minha vida começou a mudar…


Descobri que eu preciso de um transplante de coração, meu mundo caiu quando eu soube disso. Entrei na fila e tem mais de 450 pessoas na minha frente, perdi toda fé. Vivo dias longos e intermináveis, parei de estudar, vivo mais no hospital do que em casa e ao invés de amigo, tenho uma enfermeira. Ao invés de amor, recebo agulhas todos os dias e ao invés de forças, tenho fraqueza.


É difícil para alguém de 17 anos viver assim, perder toda juventude num quarto de hospital, perder todos os planos pela incerteza de estar vivo no próximo instante, perder toda a coragem por medo de ter o coração parado daqui algumas horas, perder todas as esperanças de esperar por algo que pode não chegar a tempo.


Tive de abrir mão de tudo o que eu amava, gostava, idolatrava e não conseguia viver sem. Tive que abrir mão de todas as pessoas, de todos os planos, de todas as metas, de todos os sonhos com alguém e pra mim mesmo. Tive que esquecer o passado e o futuro, tive que me preocupar com o presente por mais que ele fosse doloroso. Tive que aprender a lidar com meu corpo cada vez mais magro, com meu coração cada vez mais vazio e com tudo cada vez mais vago.


Tive que aprender a depender de alguém até pra comer, aprender a viver com marcas de agulhas e com o medo de dormir e não acordar. Com o medo daquela crise ser a ultima, daquele suspiro ser uma despedida e daquela batida ser a derradeira. Minha vida parou, é como se nada fizesse mais sentido e nem me lembro quando foi a ultima vez que sorri ou que fui feliz de verdade… Nada mais me surpreende, já perdi tudo e perder a vida seria apenas mais peça de tantas que o destino vive me pregando.

Quero pedir a cada um de vocês que leu essa pequena parte da minha vida, da minha história, que dêem valor as suas mães porque vocês não fazem idéia como dói viver sem uma. Que dêem valor as pessoas que vocês amam e que não desperdicem ou adiem nem ao menos um segundo, porque pode não ter uma segunda chance ou mais tempo pra viver esse amor…"

“É melhor arder de vez do que queimar aos poucos” Kurt Cobain

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traz a manteiga que eu estou com uma broa....... descomunal